domingo, 21 de março de 2010

Morte consciente






Vazia de mim, dos meus olhos,

minh'alma chora.

Chora os dias passados

nos dias que vão passando.



Tenho a mente inundada

de tanto minh'alma chorar

esta dôr já habituada,

de tanto se habituar.



Minh'alma chora na vida

uma morte pressentida,

que de tanto ser chorada

é morte adivinhada.




Minh'alma queria voar,

voar até de morte caír,

porque enquanto voásse

a morte não iria sentir.




Minh'alma é demasiado leve

p'ra voar sem de mim se perder.

Daí este espaço breve,

percorrido sempre a morrer.








Barão de Campos



(poema escrito em 1978)